1ºCapitulo O centro da minha vida
A janela aberta sobre a varanda deixa entrar os automóveis, as gaivotas e os sons incompreensíveis de uma noite de Primavera com cheiro a “finalmente acabou o Inverno”. .... (Continua)
A janela aberta sobre a varanda deixa entrar os automóveis, as gaivotas e os sons incompreensíveis de uma noite de Primavera com cheiro a “finalmente acabou o Inverno”. .... (Continua)
agora o outono chegou
2ºCapítulo mais de 2 anos depois
Aquela janela aberta era na época um desejo de libertação. Olhando para trás compreendendo como foi importante ter-me desapegado de sensações que me faziam sentir viva. Faziam sentir-me mais poderosa, mais capaz mas ao mesmo tempo mais dependente e ansiosa. Estranha combinação. Como uma droga que te agarra à única forma de existência que vale a pena… o resto são derivações de vida sem qualquer interesse. Pensava eu. Porventura ainda penso.
Tempo de paixão desmedida onde a vida só parecia ter sentido se fosse vivida até ao último rasgar de pele, até à última consequência… levada ao limite da auto-preservação e da sanidade mental. Ainda não esqueci a sensação. De no olhar de mar azul infinito me afogar completamente. De não conseguir respirar se não morresse nesse olhar e depois ressuscitasse. As linhas que teciam a minha rotina emaranhavam-se de tal forma nos dedos da ilusão, da dependência que já nem percebia onde tinha começado… que já não via o fim da linha. Impossível refazer o novelo como fazia com a minha mãe ao ritmo de duas mão que embalavam aquele movimento ondulante que jamais irei esquecer. Um jogo a quatro mãos perfeito!
O novelo, aos poucos fui re-novelando sozinha, imaginando um novo futuro ainda inseguro mas mais livre que o passado. Só pode ser melhor! Seja como for, seja onde for só pode ser melhor. Eu vou lembrar-me da janela aberta e daquele início de Primavera. Sei que a linha é muito fina, que o equilíbrio se encontra no sábio jogo de forças entre a ilusão e a realidade. Sei que a ilusão é sedutora e me tenta com uma precisão cirúrgica.
Para quando o dia do desenrolar do novelo de uma ponta à outra sem se emaranhar?
(Continua)


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