terça-feira, 19 de outubro de 2010

As meias - Parte II

Acho que tudo pode parecer positivo se olhado de uma certa perspectiva, a uma certa luz e com um determinada inclinação. Como uma fotografia ou um desenho. Como uma imagem dos nossos sonhos, um risco imaginário do percurso que nos vemos fazer no futuro… o futuro de que sinto saudades.
Ultimamente este optimismo tem sido posto à prova repetidamente e eu, como que ouvindo um disco riscado, tento sempre repor a agulha no sítio certo para continuar a ouvir. Não desisto porque sei que a música é boa, porque sei que vai valer a pena passar aquelas quebras, altos e baixos perturbardores. Tentativa, erro, tentativa, erro, tentativa, erro… e se não erro também não chego a acertar. E neste contínuo correr de fita, durante o filme as imagens começam a sobrepor-se umas às outras, entre imagens do passado, do presente e do mais que futuro.
O hábito de fazer reflexões, introspecções e contrições não aflige… não aflige porque raramente o faço… e nestes momentos em que os faço parece que me pesam as folhas de Outono, parece que a leveza da queda é mais pesada que uma tonelada sobre as minhas costas cansadas de mochilas e desvios.
Tudo pode parecer positivo mas agora que me olho bem vejo que o optimismo tem de ser muito bem tratado para que não o percamos. Preciso de meias quentes no Inverno porque se adivinha um com mantas curtas e despertares frios.

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