terça-feira, 2 de novembro de 2010

deux étrangers pas étranges! à mon Amour!



Tinha ido a uma exposição no Centre d’Art Moderne, Palais de Tokyo, um dos meus lugares preferidos de Paris. Aproveitei aquele feriado de Novembro que coincide com as férias de la Toussaint en França e há sempre vernissages muito bons. Uma espécie de verdadeiro início de saisson para as melhores exposições! Apesar do museu estar sempre aberto pelo menos até às 8 da noite eu saí pelas portas da cafetaria para o pátio exterior de onde se consegue ver o Sena entre as árvores da avenida marginal, os barcos atracados nos pequenos cais flutuantes e ao longe, do outro lado do rio, vêm-se as luzes da Tour Eiffel de onde raios de luz rasgam o céu já quase negro de escuro em círculos imprecisos. Sentei-me na escadaria que dá para o lado do rio e comecei a desenhar à minha vontade deixando fluir o que me ia surgindo e o que a mão fria ia decifrando dos meus pensamentos. O frio acentuava a pressa dos meus traços sobre o bloquinho azul que estava quase a chegar às últimas folhas brancas. Já havia mil e um papelinhos, postais, selos, folhas de Outono entre outras pequenas inutilidades que vou guardando no meu caderno e viajam sempre comigo até que o bloquinho acabe.

Subitamente uma vaga de vento frio vinda da Avenue Rousevelt fez-me tremer de frio, comprimir as pernas uma contra a outra e nisto deixei escorregar o caderno pelas escadas abaixo libertando todas aquelas informações preciosas sobre a minha vida naquele fim mês de Outubro! «Que desgraça, e agora está tão escuro! Raios partam os climas das cidades do primeiro mundo!». Enquanto me concentrava em apanhar as folhinhas soltas do dossier nem reparei no ballet que coreografava na escadaria do Museu! Eu não me apercebi que havia um espectador atento a seguir os meus movimentos e a ouvir-me dizer alguns palavrões em português (porque isto já se sabe, não há caralhadas como na nossa língua mãe!). De repente o jovem espectador atento começa a caminhar na minha direcção e apercebo-me que vem a sorrir. A sorrir maravilhosamente para mim como se fosse para me salvar de uma catástrofe mundial! Ainda olhei para trás para perceber se o sorriso era para mim mesmo, retribuir sorrisos no vazio é mesmo típico de solteironas desesperadas! Chiça! Isso é que não!

«- Olá, precisa de ajuda? Sim também sou português e reparei que se calhar precisava de uma mão para apanhar os papéis.». Agradeci a gentileza um bocado envergonhada com o calão que tinha usado há pouco para amaldiçoar o vento! «- … pois é, é incrível como estes cadernos conseguem guardar tanta coisa que nem nos lembramos que não pusemos no lixo!», «- Muito prazer, eu sou o Ricardo!» e continuavas com aquele sorriso lindo onde notei algum nervosismo… ou seria o frio! Seja como for, o frio depressa passou a calor. Encantaste-me mais ainda quando apesar do meu jeito meio sem jeito me convidaste para uma bebida quente na cafetaria do Museu. Estava a ficar um frio de rachar e era urgente que algum líquido bem quente entrasse por nós a dentro! «- Le Musée vient de fermer madame!», «A pensar que somos um casal chamou-me madame, teremos cara de casal?!» pensei eu entre dentes! «- Vamos ali a outro qualquer a caminho do metro de Pont d’Alma, de certeza que haverá pelos menos 1 café para bebermos um chá ou um chocolate quente!». Foste rápido a encontrar uma solução e eu deixei-me ir!
Nem sequer costumava apanhar o metro desse lado do rio costumava subir ao Arco do Triunfo, mas tu trocaste-me as voltas e levaste-me onde querias.


Estivemos horas a conversar num pequeno bistrôt da rive gauche, muito francês, com aquelas varandas vidradas um bocado pirosas a todo o comprimento do café mas ao mesmo ao entrar dentro do salão o espaço tornava-se acolhedor. Havia um grande vitral pintado de verde esmeralda e vermelho carmim lindíssimo perto da área de serviço que separava as zonas dos Wc’s do salão. Os espelhos pendurados por todas as paredes do café permitiam ver-nos e aos outros numa espécie de voyeurismo elegante. Notei logo o teu perfil num dos espelhos, um perfil franco, bem desenhado, como que a giz. Com a barba impecavelmente feita via-se ainda melhor! Falámos de tudo, contámo-nos histórias do passado, descobrimos paixões em comum, os desenhos animados e a música… a vida na cidade de Lisboa, que para mim ainda era uma descoberta. O meu gosto pelo desenho e as ilustrações… até entrarmos em temas mais sensíveis como os encontros e desencontros dos nossos amores, as desilusões, os anseios e o medo de solidões indesejadas… e nesta parte acho que o bordeaux que bebíamos ajudou muito à minha abertura de espírito para falar assim… não, não foi o bordeaux, foi o bichinho que nascia ali a olhar para uma árvore linda a crescer! Linda!


E nisto o café está a fechar. Não sei quem deu a sugestão, se tu se eu, se irmos jantar ao hotel onde tu estavas hospedado que era o único sítio que talvez ainda nos preparasse uma pequena ceia porque entretanto na conversa que se enrolava e desenrolava já eram quase 11 da noite. Eu estava a pernoitar em casa de antigos colegas de Belleville e por isso nem me ocorreu sugerir o meu hospitaleiro albergue francês. Até porque eu queria continuar a falar contigo… continuar mais mais e mais. Foste tu que sugeriste o hotel.

Ainda se comiam umas tostas quentes de queijo e tomate, umas sandes mistas frias e alguns nacos de queijos e pão espalhados pelo tabuleiro das entradas. Sem dúvida que aquela ceia improvisada do bar do hotel foi das melhores refeições que alguma vez comi. Queria que todas fossem assim dali para a frente! Contigo a contar-me os teus projectos de vida, o que te dava ganas, a tua vontade maravilhosa de fazer mais composições na guitarra! Já nos olhávamos nos olhos com desejo, e as nossas pernas tocavam-se mais frequentemente. A nossa intimidade crescia à medida inversamente proporcional que nos separava naquele balcão de bar de hotel!
Por isso quando me convidaste naturalmente para subir e ver o quarto, qual curiosidade de arquitecta, eu disse logo que sim mas o interior que estava a adorar não era o do hotel mas o do teu bem querer, das tuas ideias… e a tua pele ajudava claro. E cada vez que acidentalmente as nossas mãos se tocavam eu sentia arrepios bons pelas costas a baixo!
O quarto era de um branco pérola imaculado, não muito grande. Ao centro, encostada à parede, uma cama alta Louis XIV com uma manta branca felpuda sobre o edredom também ele branco.
Senti que ia acontecer ali pela primeira vez o que poderia acontecer todos os dias! «Estas coisas não me acontecem!» pensei eu «Acabei de conhecê-lo!»
«Mas por vezes temos de deixar-nos, Isabel não penses nisso, pensa só nisto que te está a acontecer que é mágico!»


A Isabel inconformista ganhou, e ainda bem!
Levaste-me até ao varandim do teu quarto de 1º andar e abriste a portada para me mostrares a rua e para me levares até onde querias, ao frio da noite que nos levava para os braços um do outro! Os caminhos dos nossos olhares desaguavam um no outro como a chegada inevitável a um destino. Estávamos simultaneamente inquietos e em paz. Étrange mélange!
Assim foi, abraçámo-nos longamente e íamos apertando o outro sempre um bocadinho mais… sempre um bocadinho mais próximos até nos encontrarmos faces coladas sentindo o toque de pele, o cheiro e a textura do outro! Eu começava a ter aquela sensação de prazer húmida e quente e de ti senti um leve toque de excitação encostar-se ao meu púbis. Começámos por nos beijar o pescoço devagar ronronando um ao outro com o corpo as nossas vibrações.

(este já viste mas achei que ficava bem aqui)  J

Saímos do varandim e fomos encostando as portadas com os nossos corpos enquanto nos beijávamos. Queríamos sentir o gosto de cada milímetro dos nossos lábios, das nossas línguas… explorávamos nos nestes beijos as geografias das nossas bocas enquanto com a mãos abríamos caminho para as carícias de pele levantando devagar as camisas e camisolas que ainda trazíamos vestidas mesmo coma temperatura do quarto a tornar-se cada vez mais alta! Eu deslizava as minhas mão pelo teu tronco e sentia o teu peito liso, pele macia, contornava-te pelas costas e abraçava-te um pouco mais. Fomos tirando todos os trapos que nos separavam e foste tomando conta dos meus seios nus, com os mamilos completamente excitados ao teu toque. Beijaste-os com os teus lábios doces e a tua língua ávida enquanto eu estremecia de prazer. Que tesão nós sentíamos!
Parecíamos dois náufragos a tentar salvar-nos do mar da Sibéria. Nós bebíamo-nos e comíamo-nos para nos salvar, para nos salvarmos de deixar escapar qualquer parte milimétrica que fosse dos nossos corpos sem beijos e sem carícias.


Nus, atiramos os nossos corpos num só para a cama e tu começaste a beijar-me, desde a minha covinha solitária até aos meus mamilos, descendo pela barriga contraída pelo prazer de sentir a tua pele roçar sobre a minha. As tuas mãos contornavam o meu corpo, entravam dentro de mim acariciando o meu clítoris tenso muito suavemente. Eu gemia com o teu afecto, com a ternura e o prazer que me consagravas. Naquele momento eu era a única mulher feliz sobre terra! Passaste a tua boca e a tua língua por todo lugar onde encontravas desejo, lambias-me e mordiscavas-me e ias subindo novamente até aos meus lábios sequiosos dos teus. Sentimos os nossos corpos completamente. A minha mão sentiu o teu pénis duro e macio e deliciava-se a acariciá-lo enquanto nos beijávamos tão bem! Quentes e crescentes os nossos beijos!
Íamos gingando um no outro ao sabor do movimento que estava para vir e eu sentia-me cada vez mais húmida e ávida de ti… de ti dentro de mim! Agarrei as tuas nádegas e aproximando-as de mim tu foste entrando, me penetrando no calor tórrido e molhado. No mais delicioso estremecer de cada penetração, no deslizar do teu pénis sobre mim, nos nossos movimentos de dança de ancas, pernas, braços… tudo íamos tomando as formas um do outro como se aprendêssemos pela primeira vez os jogos do amor. E era a primeira vez e era muito mais forte do que imaginávamos que seria.


Neste nosso vai invertemos as posições e eu subo por ti a cima aos beijos! Adoro beijar-te, a tua boca, o teu pescoço, os teus ombros, o teu peito, a tua barriga, o teu pénis que adoro acariciar assim quente depois de ter estado dentro de mim… sim, eu também te posso ter ;)!
Lambo o teu pénis com a língua aberta para o sentir todo, completamente excitado. Sinto-o na totalidade na minha boca, deslizo com ela indo e vindo, tocando te com as mãos, sentindo a delicadeza dos teus testículos. Ouço-to respirar mais forte. «Adoro-te!» dizes-me tu como se fosse um sentimento inevitável adorarmo-nos naquele momento! «Adoro-te mais» respondo eu depois de subir sobre ti te fazer entrar em mim novamente. Fazemos novos movimentos, adaptando os nossos sexos um ao outro agora comigo a movimentar as minhas ancas e pronta a ter o primeiro orgasmos! Ouves-me, sentes-me aí e agarras-mas mais forte as ancas, penetras-me mais! Venho-me numa explosão de prazer, morrendo e felicidade e renascendo outra vez para ti continuando dengosa os movimentos húmidos que nos davam tanto prazer. Beijamo-nos mais, agarramo-nos mais e no impulso do movimento viras-me e tomas-me por trás enquanto me acaricias o clítoris num gingar desenfreado, num clímax previsível, a dois como um fim do mundo apoteótico. Vimo-nos os dois, fluidos misturados, peles coladas e bocas sequiosas.


Deitas-te de costas e eu enrosco-me a ti como uma gata dengosa beijando-te o peito, o ombro que me ampara e o pescoço. Adormeço lentamente a acariciar-te o peito e sinto-me sem nada cá dentro, como se tudo que havia em mim tivesse deixado de existir! Há uma nostalgia que me faz agarrar-te mais e tu abraças-me como se sentisses essa doce melancolia em mim.
Sinto que uma lágrima se solta de mim despreocupada, os meus olhos humedecem e lavam-se… como não sei se tu entendes que isto às vezes acontece no amor eu digo-te: «São coisas de gajas gatinho». 

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